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ANÁLISE ECONÔMICA E DE MERCADO

Tendências e transformações na economia mundial

O Global Advisory Board da PIMCO discute as perspectivas de longo prazo para as tendências macroeconômicas e as principais economias.
16/12/2021
Resumo
  • A economia mundial tende a ser menos integrada nos próximos cinco anos.
  • Recentes mudanças na política econômica provavelmente terão implicações de longo prazo para a China, que parece focada em criar uma economia interna mais autossuficiente.
  • Os EUA vivenciaram uma recuperação econômica relativamente forte, mas há incertezas quanto ao crescimento no futuro. Na Europa e no Reino Unido, a década de 2020 pode muito bem ser de baixo crescimento.
  • Dois desafios significativos no curto prazo – escassez nas cadeias de abastecimento e escassez de trabalhadores – parecem estar acelerando mudanças estratégicas de longo prazo em muitas corporações.

Os membros do Global Advisory Board da PIMCO, uma equipe formada por renomados macroeconomistas e ex-autoridades econômicas, participaram recentemente do Fórum Secular anual da PIMCO, quando foram abordados os fatores críticos que poderão moldar a economia mundial em um horizonte de cinco anos. Suas percepções contribuem valiosamente para o processo de investimento da PIMCO e as opiniões apresentadas ajudaram a nortear o último Secular Outlook, "Era da Transformação". Veja abaixo um resumo de suas conversas sobre vários temas.

P: QUAL É A PERSPECTIVA PARA A ECONOMIA, A POLÍTICA FISCAL E A POLÍTICA MONETÁRIA DOS EUA?

R: Os Estados Unidos vivenciaram uma recuperação relativamente forte, mas, olhando para o futuro, acreditamos que haja muita incerteza quanto ao crescimento. Como o grande estímulo fiscal de 2020 e 2021 talvez não se repita, a política fiscal pode vir a ser um entrave para o crescimento em 2022. Da mesma forma, a política monetária pode se tornar um pouco mais restritiva, com um abrandamento do Federal Reserve seguido por um aumento gradual e oportunista nas taxas de juros. A curto prazo, o crescimento também vai desacelerar à medida que a folga econômica for consumida. Ainda assim, o crescimento deve ser suficiente para sustentar a criação saudável de empregos até 2022.

A inflação elevada é um risco que está sendo monitorado por muitos investidores e pelo Federal Reserve, mas tende a desacelerar em 2022 à medida que as políticas monetária e fiscal se tornarem mais contracionistas e as restrições de oferta e mão de obra diminuírem. Existem alguns riscos de alta da inflação: a recuperação da oferta e da participação da mão de obra pode ser muito mais lenta do que o esperado e os problemas nas cadeias de abastecimento podem ser mais persistentes. Existe também a expectativa de que aumentos nos preços e aluguéis de habitação afetem gradualmente os dados da inflação americana no próximo ano. O Fed estará atento às expectativas de inflação para garantir que ela permaneça bem ancorada perto ou modestamente acima da meta.

Em longo prazo, embora o crescimento da produção tenha desacelerado, a economia americana parece estar menos volátil e a crise financeira global e a pandemia parecem ser eventos raros afetando uma tendência mais ampla. Possíveis razões para uma menor volatilidade no longo prazo incluem políticas monetária e fiscal mais proativas, melhor gerenciamento de estoques e tamanho reduzido de setores ciclicamente sensíveis, como o de manufatura. Outra questão crítica para o horizonte secular são os avanços tecnológicos, incluindo os recentes desenvolvimentos em biotecnologia que contribuíram para o rápido desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19, que aumentarão a taxa de crescimento subjacente da economia e levarão a novas oportunidades de investimento.

P: ALÉM DAS TENDÊNCIAS COMUNS EM CRESCIMENTO ECONÔMICO E INFLAÇÃO QUE OS ESPECIALISTAS ACOMPANHAM, O QUE MAIS PODE AFETAR AS TAXAS DE JUROS NEUTRAS AO LONGO DO TEMPO?

R: Um fator importante a ser considerado é a mudança para a economia com emissões neutras de carbono. As estimativas variam, mas a magnitude dos investimentos adicionais em infraestrutura energética no horizonte secular poderia ser de US$ 2 a US$ 2,5 trilhões por ano. Isso representa aproximadamente 2 pontos percentuais a mais do atual PIB mundial. Essa magnitude poderia compensar o déficit de investimento da última década e não inclui os investimentos adicionais necessários em outros setores além da energia direta. Também serão necessários investimentos significativos em agricultura, por exemplo, e em adaptação ao clima, em nossa opinião.

Embora a transição para emissões neutras de carbono provavelmente seja neutra ou desinflacionária no longo prazo, ela pode exercer pressão de alta sobre a inflação e a taxa neutra no médio prazo. A nosso ver, o preço do carbono na Europa, no Canadá e em outros lugares representa um choque de preços prolongado. Acreditamos que a transição para emissões neutras de carbono também possa causar um grande choque de abastecimento: esperamos uma reestruturação por atacado nos setores de energia e transporte, mas praticamente todos os setores serão afetados. Além disso, o pano de fundo geopolítico está passando por uma transição secular em meio às mudanças climáticas e a outros fatores. Os impostos de ajuste de carbono na fronteira são um exemplo, mas, de modo geral, a mudança para a desglobalização pode gradualmente contrariar a estável integração global, que tem sido praticamente desinflacionária há décadas.

P: NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS PÓS-PANDEMIA, QUAL É A PERSPECTIVA PARA MÃO DE OBRA E PRODUTIVIDADE NO LONGO PRAZO?

R: Fora os setores de viagens e turismo, poucas grandes corporações americanas relatam ter sofrido muito devido ao choque econômico causado pela pandemia. Elas parecem relativamente otimistas sobre o futuro. Entretanto, dois desafios significativos de curto prazo – a escassez nas cadeias de abastecimento e a escassez de trabalhadores – parecem estar acelerando mudanças estratégicas de longo prazo. Muitas empresas estão lentamente diversificando suas cadeias de abastecimento, especialmente fora da China, por razões econômicas. Acreditamos que a pandemia tenha acelerado uma tendência existente.

Quanto à mão de obra, muitos líderes corporativos dos EUA observaram uma mudança secular na relação entre as empresas e os trabalhadores. Essa mudança já estava em andamento antes da pandemia, e, a cada ano, mais empresas têm dificuldade em conseguir e manter funcionários qualificados. A competição por esses trabalhadores tende a continuar. Os funcionários em geral têm mais poder de barganha, e muitos empregadores estão respondendo com esforços para melhorar a produtividade no longo prazo, tanto aumentando a base de funcionários quanto investindo em tecnologias para tornar os trabalhadores mais produtivos. As empresas parecem estar prevendo que a mão de obra será cada vez mais cara, por isso, procuram maneiras de produzir mais com menos mão de obra e estão preparadas para fazer investimentos nessa evolução.

P: QUAL É A PERSPECTIVA PARA A ECONOMIA DA CHINA TENDO EM VISTA AS RECENTES MUDANÇAS NA POLÍTICA ECONÔMICA?

R: Várias mudanças significativas na política econômica parecem ter implicações de longo prazo para a China, que se concentra na criação de uma economia interna mais autossuficiente e na união do país sob uma forte liderança.

Passando para o setor manufatureiro e para as empresas estatais, duas áreas críticas da economia chinesa, os líderes chineses estão fazendo uma troca: parecem dispostos a sacrificar algum crescimento a fim de trazer estabilidade econômica, social e política. O modelo econômico de dupla circulação foi desenvolvido para reduzir a vulnerabilidade da China a riscos externos, tornar a economia interna mais eficiente e utilizar a escala e o tamanho de seu mercado para ser o agente de seu próprio crescimento.

O tema político da prosperidade comum provavelmente tem como objetivo unir o país. Depois de décadas de reforma econômica e alto crescimento econômico, a disparidade entre renda e riqueza na China se tornou um problema. O povo reclama do lado feio do capitalismo, da falta de proteção ao trabalhador e dos preços das propriedades, que estão fora do alcance de tantos. O presidente Xi Jinping, um estudante da história chinesa, sabe que as dinastias caíram devido à agitação social, por isso, acreditamos que ele tenha tomado medidas políticas em um esforço para garantir que a China não implodisse. Os riscos internos provavelmente diminuíram, o que deve ser positivo para a China no médio e longo prazo.

P: QUAIS TENDÊNCIAS E RISCOS GEOPOLÍTICOS PODERÃO TER MAIOR IMPACTO SOBRE A ECONOMIA GLOBAL NO HORIZONTE SECULAR?

R: Provavelmente, teremos uma economia global menos integrada nos próximos cinco anos. A China pode se separar mais à medida que acumular e garantir mais poder, embora não deva ficar completamente dissociada do Ocidente. Apesar de haver alguma cooperação em áreas como mudanças climáticas e não-proliferação, podemos esperar a predominância da concorrência na relação entre os EUA e a China. Os EUA e seus aliados ocidentais devem continuar a diversificar algumas cadeias de abastecimento, por exemplo, aquelas relacionadas à segurança nacional e saúde pública, longe da China, além de procurar manter uma vantagem competitiva em tecnologias sensíveis, como a de semicondutores. Enquanto o presidente Xi procura estabilizar as coisas rumo aos Jogos Olímpicos de Inverno e ao 20º Congresso do Partido em 2022, podemos esperar que a relação bilateral EUA-China continuará a sofrer no médio e longo prazo. Nossa visão é de que a liderança da China acredita que os EUA estão em declínio e que o tempo está a seu favor; os EUA, por outro lado, estão se concentrando em investir nos motores da competitividade americana em casa e, ao mesmo tempo, fortalecendo as relações com aliados e parceiros na região.

A atrapalhada retirada de tropas do Afeganistão fez com que a imagem dos EUA sofresse em alguns lugares e pode afetar a capacidade do presidente Joe Biden de conseguir apoio para sua agenda de política externa. Entre os adversários, a retirada das tropas deu força à narrativa de declínio e isolacionismo dos EUA, o que pode incentivar os concorrentes a testar a determinação dos EUA em outras áreas. Enquanto isso, um Afeganistão instável provavelmente será fonte de uma enorme crise humanitária e instabilidade com repercussões na região, embora a situação talvez não tenha impactos substanciais sobre a economia global no longo prazo.

Outro risco geopolítico é uma guerra inesperada. A qualquer momento em que uma guerra importante acontece, é uma enorme interrupção com repercussões econômicas. Vamos considerar Coreia do Norte, Irã, China e a fronteira da Índia com o Paquistão: embora nenhum desses países vá causar a próxima guerra, são áreas que precisam ser monitoradas. Erros de cálculo podem se transformar em confrontos ou crises, talvez não baseados em políticas deliberadas, mas porque as situações ficam fora de controle.

P: QUAL É A PERSPECTIVA GERAL PARA A POLÍTICA EXTERNA E O COMÉRCIO GLOBAL?

R: Apesar da forte recuperação econômica, a pandemia da COVID provavelmente continuará a restringir o comércio e as viagens, causar estrangulamentos do lado da oferta e diminuir a atividade econômica por algum tempo. Com a insuficiente cooperação transfronteiriça para fomentar a vacinação mundial (apenas 6% das pessoas em países de baixa renda receberam pelo menos uma dose, de acordo com Nosso Mundo em Dados, da Oxford), há um constante medo de que novas mutações onde a doença se espalha sem inibição voltem a assustar até mesmo as pessoas totalmente vacinadas e perturbem ainda mais as viagens, o comércio e o retorno ao trabalho.

O nacionalismo, refletido no protecionismo, na grande concorrência de poder e no populismo, provavelmente continuará sendo a ideologia dominante da época. Isso torna difícil prever um acordo comercial em âmbito mundial (acordos regionais e bilaterais provavelmente serão mais comuns) ou um G-20 eficaz; enquanto isso, a China e os Estados Unidos estão se aproximando de um futuro com “um mundo, dois sistemas”. As decisões de política externa de muitas nações parecem incorporar uma tese de soma zero (“se eu ganho, você perde”), em vez de considerar a possibilidade de todos vencerem que pode acontecer com a expansão do comércio. As rupturas nas cadeias de abastecimento causadas pela COVID obscureceram temporariamente o que provavelmente serão os impactos de longo prazo do crescente protecionismo no comércio global, mas podemos esperar seu encurtamento à medida que as empresas e os países priorizarem a resiliência sobre a eficiência. Apesar da recuperação em 2021, é improvável que o comércio mundial da década de 2020 repita a rápida ascensão dos últimos 20 anos.

P: QUAL É A PERSPECTIVA ECONÔMICA DE LONGO PRAZO PARA A EUROPA E O REINO UNIDO?

R: A Europa não está imune às pressões inflacionárias, mas mesmo que as incertezas da COVID (e o aumento das taxas de infecção) continuem sendo uma barreira à atividade econômica, o crescimento europeu a curto prazo é maior do que depois da crise financeira global. As autoridades econômicas não apenas reagiram rapidamente à pandemia, indo além dos estabilizadores automáticos já bem desenvolvidos na Europa com medidas caras para a proteção do emprego, mas também, diferentemente de 2009, prepararam um plano de recuperação fiscal para toda a Europa. Entretanto, olhando para o horizonte secular, o crescimento tendencial da Europa pode não aumentar muito além de 1%, e divisões há muito centradas na política fiscal e monetária entre o norte e o sul da Europa provavelmente surgirão em torno da retomada do Pacto de Estabilidade e Crescimento em 2023.

A liderança é outra questão secular: Angela Merkel entregou as rédeas a uma coalizão desconfortável; Emmanuel Macron enfrentará uma eleição presidencial difícil em 2022; Mario Draghi provavelmente passará de primeiro-ministro italiano para a posição mais honorífica de presidente; e os presidentes da Comissão e do Conselho europeus estão tendo dificuldade em conseguir se afirmar. Uma liderança menos eficaz pode significar que, embora a Europa tenha sido a primeira em muitas áreas (regulamentação digital, normas comerciais, um imposto mínimo global e a transição para emissões neutras de carbono), a região permanecerá vulnerável, especialmente devido aos desacordos nas posições em relação à Rússia (e a dependência energética) e à China.

O Reino Unido também parece estar tendo dificuldade em encontrar seu papel em meio à sua transição secular fora da Europa. Com disputas comerciais prejudiciais e uma força de trabalho menor, o Reino Unido prevê um crescimento de apenas 1,3% até 2024. A década de 2020 no Reino Unido e na Europa pode ser uma década de baixo crescimento, impulsionada por níveis relativamente baixos de investimento e produtividade, por pressões fiscais (incluindo o custo da mudança climática, apesar do fato de que energia renovável e carros elétricos devem ser uma oportunidade de crescimento), por uma população envelhecida e, possivelmente, por constantes incertezas quanto a pandemias.

Para insights da PIMCO sobre as tendências de longo prazo que moldam a economia global e o ambiente de mercado, leia a última Secular Outlook, “Era da Transformação”. Para saber mais sobre os fóruns da PIMCO e como eles informam o processo de investimento da empresa, assista a este vídeo dos bastidores.

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