Saindo do site PIMCO.com

Você está saindo do site da PIMCO.

Pular para o Conteúdo Principal

Quais são os tipos de produtos securitizados?

Resumo

O mercado de securitização de US$ 14 trilhões financia milhões de empréstimos a pessoas físicas, jurídicas e a compra de imóveis residenciais e comerciais. Embora inerentemente complexos, os produtos securitizados oferecem grande variedade de oportunidades atraentes para investidores que entendem esse mercado e seu funcionamento.

O que são securitizações? 

Securitizações, também conhecidas como “produtos securitizados”, são títulos garantidos por grupos de empréstimos individuais.

Muitos tipos de empréstimos podem ser securitizados, como hipotecas, empréstimos corporativos e soberanos, crédito ao consumidor, financiamento de projetos, contas a receber de operações de arrendamento/comércio e contratos individualizados de empréstimo. Esses empréstimos são agrupados e estruturados em instrumentos mobiliários que pagam juros e que depois são vendidos no mercado de títulos. A renda gerada pela securitização vem do empréstimo sobre os ativos (por exemplo, do pagamento da prestação da hipoteca de uma casa) e é repassada ao detentor dos títulos.

Os empréstimos para pessoa física são muito pequenos se comparados aos títulos ou outros empréstimos no mercado de renda fixa. Por exemplo, um típico financiamento de automóvel envolve US$ 30 mil — pequeno demais para criar mercado ou liquidez para um investidor institucional. Já a securitização permite que uma grande quantidade de empréstimos similares sejam agrupados em um único pacote, criando substancial liquidez no mercado. Por exemplo, a securitização de financiamentos de veículos pode reunir em um fundo de securitização mais de 20 mil empréstimos individuais para compra de automóveis. 

Como funcionam os produtos securitizados?

O processo de securitização começa quando os originadores/provedores de empréstimos agrupam empréstimos similares e, em seguida, fatiam esses grupos para venda a investidores, conforme ilustração abaixo. 

O processo pode variar dependendo do tipo de garantia subjacente, mas geralmente envolve as seguintes etapas:

  • Os emissores acumulam empréstimos similares que podem ser facilmente agrupados.
  • Quando o valor emprestado atinge tamanho suficiente, o emissor pode contratar um banco de investimento para iniciar o processo de criação, estruturação e venda da securitização.
  • O emissor cria um fundo fiduciário para deter os empréstimos subjacentes, que assim deixam de fazer parte do balanço patrimonial dos emissores ou do banco.
  • Para financiar esses empréstimos, que agora são ativo do fundo, essa entidade fiduciária emite passivos, que são os títulos de securitização em questão.
  • O banco/coordenador da emissão começa a procurar no mercado público investidores que comprem esses títulos de securitização.
  • O banco que faz a estruturação poderá ajustar os termos conforme a demanda e feedback dos investidores.

Por meio das securitizações, os originadores de empréstimos podem vender exposição, liberando capacidade para que efetuem novos empréstimos. Por sua vez, os investidores podem se beneficiar do tamanho e da escala do empréstimo agrupado para ter liquidez adequada no mercado público.

Como a securitização funciona

Fonte: PIMCO. Exclusivamente para fins ilustrativos.

A estrutura convencional de securitização pressupõe segurança em três níveis: as tranches júnior, mezanino e sênior. Essa estrutura concentra as perdas esperadas da carteira na posição júnior ou de primeira perda, que geralmente é a menor das tranches, mas projetada para suportar a maior parte da exposição ao crédito e receber o maior retorno. Não se espera perda para a carteira nas tranches seniores. Os investidores geralmente financiam suas compras por meio de empréstimos e são muito sensíveis às mudanças na qualidade dos ativos subjacentes.

Trancheamento de produtos securitizados

Os produtos securitizados são normalmente vendidos em tranches. Cada tranche na parte superior na estrutura de capital tem maior direito aos fluxos de caixa e pagamentos de principal dos empréstimos subjacentes do que as tranches inferiores na estrutura de capital.

O gráfico abaixo à esquerda mostra que a estrutura de securitização é projetada para proteger as tranches seniores (com classificações de crédito AAA, AAA (Jr.), AA, A e BBB) contra perdas. No entanto, tranches juniores (com classificações de crédito BB e B) recebem compensação pelo risco adicional assumido, como mostra o gráfico abaixo à direita.

Fonte: PIMCO. Exclusivamente para fins ilustrativos.

Investidores que assumem maior risco ao comprar tranches em posições mais baixas (que recebem o fluxo de caixa por último e absorvem as perdas primeiro) ganham maior compensação. Inversamente, os investidores que compram tranches em posições mais altas (que recebem fluxo de caixa primeiro e são protegidos de perdas pelas tranches juniores) têm menos compensação. Esse sistema cria “suporte de crédito” ou “aprimoramento de crédito”: os títulos seniores têm seu risco de crédito apoiado ou aprimorado pela absorção das perdas por outras partes da estrutura de capital. 

As tranches de securitização podem ter juros fixos ou flutuantes. Normalmente, a taxa de juros da securitização corresponderá à taxa de juros dos empréstimos subjacentes que estão sendo agrupados. 

O cronograma de vencimentos de uma tranche de securitização pode ser mais complexo do que o cronograma de um título corporativo convencional ou de uma obrigação do Tesouro dos EUA, que tem uma única data de vencimento declarada quando o principal é pago. Empréstimos subjacentes que respaldam um produto securitizado são amortizados. Ou seja, o principal do saldo do empréstimo é pago periodicamente durante a vida útil do empréstimo, juntamente com os juros.

Isso ocorre sobretudo no mercado de hipotecas residenciais, onde as prestações mensais geralmente incluem juros e principal. Como os empréstimos subjacentes têm pagamento parcial todo mês, as tranches de securitização também recebem pagamento parcial. Sendo assim, em vez de citar uma “data de vencimento”, quem investe em securitização normalmente se refere à “vida média ponderada” esperada de uma tranche, que é o vencimento médio ponderado de todas as prestações mensais individuais de principal.

Quem compra produtos securitizados?

Os produtos securitizados geralmente são adquiridos por investidores institucionais, como bancos, seguradoras, fundos de hedge, fundos de pensão e gestores de ativos.

O tipo dos produtos securitizados determinará o principal comprador desses ativos. Exemplos:

  • Bancos centrais investem principalmente em formas de produtos securitizados de alta qualidade — como títulos lastreados em hipotecas de agências (MBS) — como uma ferramenta de política monetária (este é o caso do Federal Reserve dos EUA) ou como um investimento de alta qualidade para o excesso de dólares (para outros bancos centrais).
  • Bancos comerciais, bancos privados, bancos de investimento e seguradoras focam na parte da mais alta qualidade do mercado securitizado devido aos requisitos regulatórios.
  • Hedge funds e outros gestores de ativos alternativos costumam investir nas tranches mais baixas dos produtos securitizados, usando os retornos mais elevados desses títulos para atingir suas metas.
  • Gestores de investimentos fazem compras em todo o mercado de crédito securitizado, mas normalmente se concentram onde há mais liquidez e qualidade, a fim de atender às necessidades diárias de liquidez dos fundos mútuos.

Como os investidores podem se beneficiar da compra de produtos securitizados?

Produtos securitizados podem oferecer muitos benefícios a uma carteira:

Perfil de risco/retorno atraente

Produtos securitizados sênior costumam oferecer compensação atraente devido ao suporte adicional de crédito sob a tranche mais sênior. Por ser menos utilizado do que instrumentos como o crédito corporativo, o crédito securitizado com classificação AAA tende a oferecer rendimento semelhante ao do crédito corporativo com classificação A, apesar da maior qualidade de crédito. Para quem busca risco adicional, tranches de crédito securitizado subordinado com classificação mais baixa podem oferecer rendimento significativamente maior do que títulos corporativos de high yield com classificação semelhante, embora os investidores também precisem considerar o maior risco embutido nessas tranches (leia o conteúdo acima sobre “Trancheamento de produtos securitizados”).

Diversificação de portfólio

Os produtos securitizados geralmente são formados por risco de imóveis ou do consumidor, em vez do risco corporativo nos títulos corporativos. Os produtos securitizados oferecem uma opção líquida para expressar opiniões sobre crédito imobiliário comercial ou residencial, crédito ao consumidor ou outros tipos de crédito que podem não ser diretamente expressos em outras partes do mercado de renda fixa.

Quais são os riscos associados à securitização?

Geralmente, os maiores riscos associados aos produtos securitizados são risco de crédito e risco de taxa de juros. Além disso, os investidores devem considerar o risco de pagamento antecipado e o risco de liquidez.

Risco de crédito

O risco de crédito é simplesmente o risco de o investidor não receber de volta a quantia investida. O risco de crédito varia entre os tipos de produtos securitizados, mas geralmente, os produtos securitizados na parte inferior da estrutura de capital têm maior risco de crédito (consulte “Trancheamento de produtos securitizados” acima), e os produtos securitizados com colateral subjacente de menor qualidade têm maior risco de crédito do que o colateral subjacente de maior qualidade. 

Risco de taxa de juros

Esse é o risco de que o valor de um título varie devido às oscilações nas taxas de juros vigentes. O risco da taxa de juros varia de acordo com o tipo de instrumento. Algumas securitizações pagam cupom flutuante, de modo que sua taxa varia segundo a taxa de juros vigente no mercado. Nesse caso, a tranche de securitização de taxa flutuante não tem risco direto de taxa de juros e seu preço não irá variar somente por causa de variações nos juros. No entanto, o colateral subjacente pode ser impactado pelos movimentos nos juros (leia o conteúdo abaixo sobre “Risco de pagamento antecipado”), o que pode impactar indiretamente o valor da tranche de securitização devido a mudanças no cronograma de pagamento do principal.

Risco de pagamento antecipado

Alguns produtos securitizados apresentam o chamado risco de pagamento antecipado. Trata-se do risco de retorno prematuro do principal de um título de renda fixa. Quem compra uma casa por meio de hipoteca, pode quitá-la quando quiser. Os tomadores de recursos pagam antecipadamente quando é mais conveniente para eles, não para os detentores de títulos hipotecários. Por exemplo, os mutuários tendem a refinanciar suas casas quando os juros caem. A hipoteca original com juros altos é refinanciada, criando uma nova hipoteca com juros menores. O detentor do título recebe o dinheiro de volta quando a hipoteca com juros mais altos é encerrada e é forçado a reinvestir esse dinheiro em um ambiente de juros menores. Esse fenômeno é conhecido como “risco de convexidade” ou “convexidade negativa”.

Risco de liquidez

Esse é o risco de o investidor não conseguir vender seus ativos tão eficientemente quanto outros investimentos em sua carteira (ou seja, maior spread entre ofertas de compra/venda). Como o uso dos mercados de produtos securitizados não vinculados a agências é menor do que o dos mercados de títulos do Tesouro ou títulos corporativos, os custos de transação dos produtos securitizados geralmente são mais caros e existe a possibilidade de haver menos compradores ou vendedores em períodos de volatilidade. O risco de liquidez é uma das principais razões pelas quais os investidores costumam obter spread semelhante em um produto securitizado com classificação AAA e em um título corporativo com classificação A, apesar da classificação mais alta. Vale ressaltar que os MBS de agência são exceção, uma vez que esse mercado tem ampla liquidez.

O que acontece em caso de inadimplência nos empréstimos subjacentes em uma securitização?

Em uma securitização com muitos mutuários subjacentes, a inadimplência de um mutuário específico em um pool de mil mutuários não necessariamente configura inadimplência para os produtos securitizados em si. A primeira linha de inadimplência é absorvida pela tranche de menor prioridade da securitização. Cada inadimplência subsequente será absorvida primeiro por cada uma das tranches subordinadas, antes que essas inadimplências afetem a tranche sênior. Um produto securitizado é considerado inadimplente quando fica claro que a tranche sênior terá que absorver perdas.

No lado do empréstimo subjacente, o mutuário individual normalmente passará por um processo de “modificação do empréstimo” se entrar em inadimplência. O credor original interage com o mutuário para reestruturar os termos do empréstimo para que caiba no bolso desse tomador de recurso. Uma opção é estender ainda mais o empréstimo em troca de pagamento de juros mais altos para compensar o risco maior do empréstimo.

Algumas securitizações, como tipos específicos de títulos lastreados em hipotecas comerciais (CMBS), têm somente um mutuário. Nesse caso, a inadimplência do empréstimo normalmente envolve um processo de modificação mais direto, no qual os detentores de produtos securitizados interagem com um “prestador de serviços especiais” para encontrar uma solução de inadimplência que seja mais vantajosa para os mutuários.

MBS de agência não apresenta risco de inadimplência. Quando uma hipoteca subjacente em um pool de MBS de agência entra em inadimplência, a perda é absorvida pela agência emissora e o empréstimo é retirado do pool a valor de face. Essencialmente, a inadimplência de um empréstimo em um pool de MBS de agência funciona como um pagamento antecipado.

Vale ressaltar que é raro haver redução ao valor recuperável (ou perdas permanentes) dos detentores mais seniores, diante dos níveis saudáveis de subordinação dos produtos securitizados atualmente.

Quais são os tipos de produtos securitizados?

Títulos hipotecários

MBS são obrigações de dívida que representam reivindicações sobre os fluxos de caixa de grupos de empréstimos hipotecários, geralmente para aquisição de imóveis residenciais. Os vários tipos de MBS estão definidos abaixo. 

31 de março de 2024. Fonte: PIMCO. Exclusivamente para fins ilustrativos.

Títulos hipotecários emitidos por agências (Agency MBS)

Os títulos hipotecários com garantia de agências federais (Agency MBS, na sigla em inglês) são garantidos por uma dessas três agências dos EUA, conhecidas por apelidos:

  • The Federal Home Loan Mortgage Association (“Freddie Mac”)
  • The Federal National Mortgage Associate (“Fannie Mae”)
  • The Government National Home Loan Association (“GNMA” ou “Ginnie Mae”)

A garantia associada aos instrumentos emitidos por essas entidades significa que os detentores desses títulos não estão sujeitos a redução ao valor recuperável em caso de inadimplência dos mutuários. Como esses títulos não correm risco de inadimplência, normalmente são considerados isentos de risco de crédito. Em termos de risco, entende-se que esses instrumentos estão a um grau de distância dos títulos do Tesouro dos EUA. A extensão da garantia desses títulos varia conforme a agência, segundo explicação abaixo:

  • A GNMA é uma empresa estatal que cobre os empréstimos com a garantia incondicional do governo dos EUA, a mesmo oferecida aos títulos do Tesouro.
  • Fannie Mae e Freddie Mac são empreendimentos patrocinados pelo governo, separados do governo dos EUA, mas sob sua tutela. Os títulos são garantidos por cada uma das agências, o que significa que qualquer perda é absorvida pelo balanço patrimonial da Fannie Mae e/ou da Freddie Mac. Supõe-se que Fannie Mae e Freddie Mac têm garantia implícita do governo dos EUA, o que significa que serão socorridas se as perdas acumuladas extrapolarem sua liquidez — quadro que foi reforçado durante a crise financeira global de 2008.
  • Embora os títulos da GNMA sejam considerados distintos dos títulos de Fannie Mae e Freddie Mac, os títulos de Fannie Mae e Freddie Mac hoje são vistos como essencialmente os mesmos e também são emitidos como títulos hipotecários uniformes (UMBS).
  • Os títulos hipotecários comerciais com garantia de agências federais (Agency CMBS, na sigla em inglês) geralmente são respaldados por uma ampla variedade de propriedades imobiliárias. No entanto, diferentemente dos instrumentos MBS convencionais, os títulos CMBS estão expostos apenas a condomínios residenciais e a instalações do setor de saúde. Seguem outras considerações importantes:
    • Como outros tipos de títulos garantidos por agência, os CMBS não têm risco de crédito, pois contam com a mesma garantia do governo dos EUA.
    • O mercado de CMBS de agências é muito menor do que os mercados de MBS de agências e de CMBS privados.

Os títulos MBS emitidos pelas agências Fannie Mae, Freddie Mac ou GNMA normalmente são emitidos como instrumentos de juros fixos de 30 ou 15 anos (o prazo de 30 anos predomina). O cupom desses instrumentos reflete a taxa média das hipotecas subjacentes agrupadas. Seguem outras considerações importantes:

  • Fannie Mae, Freddie Mac e GNMA compõem o mercado de MBS de agências, que movimenta quase US$ 8 trilhões e é o segundo maior mercado de renda fixa do mundo após o mercado de títulos do Tesouro dos EUA. Quase US$ 200 bilhões em títulos hipotecários de agências são negociados diariamente, o que torna este o segundo mercado mais líquido do mundo, novamente depois dos títulos do Tesouro dos EUA.
  • Os MBS de agências geralmente são comprados e vendidos por meio de um programa exclusivo chamado mercado “a ser anunciado” (“TBA”, na sigla em inglês). O mercado TBA cria ativos “fungíveis”, entre diferentes títulos hipotecários de agências com o mesmo prazo, cupom e emissor. O mercado TBA é uma das principais razões pelas quais o mercado de MBS de agências é um dos mais líquidos do mundo na renda fixa. Os ativos de MBS de agências normalmente se dividem entre TBA e “pools”, que são títulos com repasse de dinheiro. Mesmo sacrificando alguma liquidez em troca da exposição a pools específicos, quem negocia esses instrumentos recebe informações específicas sobre o histórico de pagamento antecipado subjacente do título, o tipo de mutuário e outras características particulares.
  • Embora os MBS de agências não tenham risco de crédito, existe o risco de pagamento antecipado, mencionado anteriormente. Alguns investidores desejam os benefícios dos MBS de agências, mas não querem se preocupar com o risco de pagamento antecipado — ou tentam jogar esse risco a seu favor. O mercado de MBS de agências criou instrumentos que atendam a esses objetivos, desviando os fluxos de caixa dos títulos hipotecários para instrumentos especiais denominados obrigações hipotecárias colateralizadas (CMO, na sigla em inglês).l Esses instrumentos estão disponíveis em diversas em variadas modalidades, dependendo de como os fluxos de caixa das hipotecas são canalizados. Exemplos:
    • CMO somente com juros: Esses títulos recebem apenas os juros de uma hipoteca, não o principal. Como a renda depende exclusivamente de juros, os investidores querem que a hipoteca original permaneça em aberto pelo maior tempo possível. Portanto, o desempenho desses títulos tende a ser melhor quando os pagamentos antecipados estão baixos.
    • CMO somente com principal: Esses títulos recebem apenas o principal de uma hipoteca, não os juros. Como não estão recebendo juros e só devem receber o principal de volta, os investidores esperam o pagamento das hipotecas o mais rápido possível para maximizar o retorno sobre esses ativos.

Títulos garantidos por hipotecas residenciais (RMBS) não emitidos por agências

RMBS não emitidos por agências são respaldados por conjuntos de empréstimos hipotecários residenciais sem garantia de uma das empresas patrocinadas pelo governo.

Quando um banco faz um empréstimo a uma pessoa física para compra da casa própria, essa hipoteca permanece ilíquida no balanço patrimonial da instituição, exaurindo uma pequena parcela do capital disponível para quem procura empréstimos semelhantes. Para liberar capital e criar liquidez, o banco agrupa centenas ou milhares de empréstimos hipotecários similares e vende esse conjunto em pequenas fatias no mercado de títulos. Assim, o risco de uma tomador individual do recurso não pagar as prestações da hipoteca é distribuído por todo esse pool, reduzindo o risco de um investidor individual.

Principais considerações: Mercado de RMBS não emitidos por agências teve melhorias após a crise financeira global

  • O mercado de RMBS não emitidos por agências mudou drasticamente nos últimos 20 anos. Antes da crise financeira global de 2008, e especialmente no período entre 2005 e 2007, o mercado de RMBS não emitidos por agências era dominado por pools de empréstimos concedidos a mutuários de baixa qualidade, os chamados “subprime” e quase subprime (“Alt-A”). Muitos desses tomadores de recursos tinham histórico de crédito ruim, baixa pontuação FICO, baixa renda e receberam empréstimos muito grandes em relação ao valor de suas casas.
  • Hoje, as regulamentações pós-crise restringiram a emissão de títulos hipotecários subprime. Em vez disso, o mercado de RMBS não emitidos por agências é formado por hipotecas que não se qualificaram para inclusão nos pools das agências devido a outros motivos, como:
    • O empréstimo hipotecário excede os limites impostos pelas agências
    • O mutuário tem negócio próprio e, portanto, sua renda não é adequadamente verificada
    • O empréstimo está sendo usado para pagar uma segunda residência usada para fins de investimento

A qualidade do mercado imobiliário dos EUA também melhorou aumentou drasticamente desde a crise financeira. Em parte, isso se deve às regulamentações que foram impostas aos credores, bancos e devedores após 2008. Outro fator foi o ritmo lento de novas obras residenciais nos anos seguintes à crise, que impulsionou a valorização dos preços dos imóveis e o patrimônio contido nessas casas atualmente. 

Tipos comuns de RMBS:

RMBS não qualificados

Pools respaldados por empréstimos hipotecários que não foram garantidos por uma agência. Normalmente, são empréstimos concedidos a mutuários de alta qualidade, mas que não se enquadram para um empréstimo de agência, como indivíduos que trabalham por conta própria, estrangeiros, etc.

RMBS jumbo

Os pools respaldados por empréstimos excedem o valor máximo do empréstimo para qualificação nos pools das agências. Em 2023, o empréstimo máximo qualificado para um pool da Fannie Mae era de US$ 726.200 na maioria das regiões; em determinadas regiões de alto custo (São Francisco, Nova York, etc.), o limite máximo de empréstimo é US$ 1.089.300. Como esses empréstimos geralmente são concedidos a pessoas de alta renda, sua qualidade tende a ser bastante elevada.

RMBS de empréstimo a investidores

Pools respaldados por empréstimos concedidos para compra de uma segunda residência, utilizada como investimento gerador de renda. Como esses empréstimos geralmente envolvem residências adicionais de uma família, o padrão de subscrição é mais alto do que nos empréstimos convencionais (valor de entrada maior, exigências de renda mais rigorosas, etc.). Portanto, sua qualidade costuma ser maior.

Empréstimos inadimplentes

Pools de empréstimos com pagamentos atrasados (juros e principal). Esses empréstimos geralmente se referem a pools que eram de agências e entraram em inadimplência, sendo posteriormente vendidos a investidores com desconto sobre o valor de face. O investidor se beneficia quando esses empréstimos voltam a ficar em dia, geralmente por meio de um processo de modificação para que caiba no bolso do mutuário.

Subprime/Alt-A

Antes da crise financeira global em 2008, a emissão de RMBS não emitidos por agências era dominada por títulos subprime e Alt-A, que eram respaldados por hipotecas concedidas a mutuários de menor qualidade. Essas hipotecas normalmente eram estruturadas com juros promocionais nos primeiros anos, que depois eram ajustadas anualmente por um spread sobre uma taxa de referência. Quando o mercado de imóveis residenciais começou a perder força, os mutuários estavam presos a esses empréstimos. Quando o período promocional terminou e o Federal Reserve começou a subir juros, o valor das prestações aumentou e as famílias não conseguiam mais fazer os pagamentos. A piora do mercado de imóveis residenciais eliminou o patrimônio contido nessas casas. Muitos mutuários então deixaram de pagar as prestações, causando um crash nesse mercado, que freou a economia como um todo.

  • Desde a crise financeira global, intervenções governamentais estabilizaram o mercado de imóveis residenciais. Apesar do grande número de inadimplências no mercado subprime, os títulos hipotecários subprime emitidos durante esse período agora estão em dia. E nos últimos 15 anos, os mutuários acumularam bastante patrimônio com a casa própria.
  • A regulamentação pós-crise restringiu as práticas de empréstimos de baixa qualidade, acabando com as novas emissões de títulos hipotecários subprime.

Empréstimos que voltaram a ficar em dia

Empréstimos em dia, mas que foram inadimplentes no passado e removidos do pool original de MBS. Antes do programa de securitização desses instrumentos, os empréstimos que voltavam a ficar em dia permaneciam nos portfólios das agência até serem quitados antecipadamente ou seu prazo terminar. Os títulos lastreados em hipotecas que voltaram a ficar em dia oferecem opções adicionais aos investidores, ao mesmo tempo em que aumentam a liquidez do balanço patrimonial das agências patrocinadas pelo governo.a Seguem mais informações sobre esse processo:

  • Quando securitizados, os empréstimos eles são colocados em um fundo de MBS garantido por empreendimentos patrocinados pelo governo. A garantia assegura que os empreendimentos patrocinados irão complementar as quantias recebidas pelo fim a fim de permitir pagamento em dia do principal e dos juros ao investidor do instrumento MBS.
  • Se um empréstimo ficar inadimplente durante 24 meses ou se enquadrar em uma série de exceções — incluindo modificações permanentes —, os empreendimentos patrocinados pelo governo removem o empréstimo do fundo MBS e mantêm o mesmo em sua carteira como um ativo em situação de estresse.
  • O empreendimento patrocinado pelo governo então busca gerenciar empréstimos em situação de estresse e oferece flexibilidade para ajudar os mutuários. Uma avaliação completa do empréstimo determina a opção apropriada, potencialmente resultando em modificação do empréstimo.
  • Quando voltam a ficar em dia, esses empréstimos podem ficar elegíveis para securitização em um novo instrumento de MBS.

Títulos lastreados em hipotecas comerciais (CMBS)

CMBS são títulos respaldados por empréstimos para aquisição de propriedades comerciais — em geral escritórios, condomínios residenciais, prédios industriais, lojas e hotéis. O mutuário (dono da propriedade) contrai uma hipoteca e os pagamentos de juros e principal dessa hipoteca reembolsam o detentor do CMBS. CMBS têm diferentes estruturas e tipos de colateral subjacente, mas geralmente são agrupados em quatro categorias principais:

CMBS conduíte

CMBS que são respaldados por um pool diversificado de empréstimos garantidos por imóveis comerciais de diferentes mutuários. Esses títulos tendem a se beneficiar da diversificação incorporada e são o tipo predominante de emissão de CMBS. Normalmente, são formados por 50 a 75 empréstimos singulares e podem ser compostos por diferentes tipos de colateral subjacente em um único CMBS. Em geral são empréstimos de 10 anos com juros fixos e forte proteção contra pagamento antecipado. Portanto, diferentemente dos títulos hipotecários residenciais, não têm o mesmo risco de pagamento antecipado e se comportam de forma semelhante aos títulos corporativos que pagam o valor total do principal de uma só vez no vencimento.

Ativo único/Mutuário único

CMBS respaldados por um empréstimo hipotecário sobre um único ativo ou uma única carteira de ativos imobiliários comerciais, pertencente a um só mutuário.

Inerentemente esses instrumentos têm maior risco de concentração do que um pool diversificado de empréstimos em um CMBS conduíte. Portanto, a razão entre empréstimo e valor inicial tende a ser menor e o patrimônio embutido tende a ser maior para compensar o investidor pelo maior risco idiossincrático. Essa modalidade se tornou mais popular nos últimos anos, estimulando as emissões. O risco de concentração é maior, porém os investidores começaram a optar por criar sua própria diversificação e apreciam a capacidade de criar uma carteira personalizada de exposições a transações ou setores específicos, em vez de assumir exposição a um setor forçadamente por meio de um acordo conduíte.

Desde a pandemia de Covid, essas transações geralmente envolvem empréstimos com juros flutuantes e vencimento em dois ou três anos. O mutuário tem a opção de estender o empréstimo por um ano uma ou duas vezes, totalizando vencimento médio em cinco a seis anos. Durante o primeiro período do CMBS, os tomadores de recursos precisam adquirir limites de taxa de juros para conter quedas nos índices de cobertura devido ao aumento dos juros. Para compensar os investidores pelo risco de extensão embutido, os tomadores geralmente pagam algum tipo de concessão e talvez precisem estender os limites inferiores e superiores das taxas de juros.

Obrigações de empréstimo colateralizadas para imóveis comerciais

Geralmente formadas por empréstimos para imóveis comerciais subjacentes concedidos a edifícios comerciais em fase de estabilização ou reincorporação. Normalmente esses instrumentos abrangem diferentes propriedades em uma ampla variedade de setores, assim como o CMBS conduíte. No entanto, diferentemente do CMBS conduíte, essas obrigações têm características estruturais extraídas do mercado corporativo de obrigações de empréstimo colateralizadas, como um período de reinvestimento e testes de colateral excedente e cobertura de juros.

Valores mobiliários lastreados em ativos (ABS)

Todos os produtos securitizados podem ser considerados valores mobiliários lastreados em ativos, dado que todos os instrumentos discutidos anteriormente são respaldados por alguma forma de ativo. No entanto, quando investidores citam asset-backed securities (ABS), normalmente estão se referindo a securitizações não respaldadas por hipotecas (residenciais ou comerciais), mas sim por empréstimos ao consumidor, como financiamento estudantil, financiamento de veículos ou recebíveis de cartão de crédito.

ABS automotivo

ABS respaldado por operações de arrendamento ou empréstimo para compra de carros. Empréstimos diretos ao consumidor para aquisição de automóveis se dividem entre prime (concedidos a mutuários de alta qualidade) ou subprime (concedidos a mutuários de baixa qualidade). Para compensar a menor qualidade média de crédito dos mutuários em uma transação subprime com automóveis e para mitigar a inadimplência média mais elevada nesses empréstimos, os credores tendem a cobrar juros maiores do que em operações prime, que fornecem fluxos de caixa adicionais à securitização para reduzir o risco de perdas para os detentores de títulos seniores. Da mesma forma, o ABS automotivo sênior costuma ter maior grau de aprimoramento de crédito do que o ABS automotivo prime, a fim de fornecer proteção adicional. ABS automotivo também pode ser respaldado por recebíveis de aluguel de automóveis e emitido por grandes locadoras de veículos.

ABS de cartão de crédito

ABS respaldado por recebíveis de cartão de crédito, como juros e tarifas. O ABS de cartão de crédito costuma ter um período inicial em que os juros são pagos pelo ABS, permitindo que o emissor do mesmo use os pagamentos de principal para comprar mais recebíveis de cartão de crédito. Após esse período inicial, o ABS de cartão de crédito utiliza uma estrutura de amortização parecida com a de outros tipos de securitizações.

Financiamento estudantil

ABS respaldado por empréstimos a estudantes de graduação e pós-graduação. Os empréstimos estudantis se dividem entre os públicos, que são fornecidos e garantidos pelo governo dos EUA, e os privados, que não têm garantia e são emitidos por credores privados desses empréstimos. Como são garantidos pelo governo, assim como os MBS emitidos por agências, os empréstimos estudantis públicos não apresentam risco de crédito e seu valor é derivado dos riscos de liquidez, taxa de juros e de extensão/pagamento antecipado. Empréstimos estudantis privados apresentam risco de crédito e, portanto, os mutuários subjacentes geralmente precisam fornecer maior segurança ao credor, normalmente na forma de um co-signatário (geralmente pai ou mãe) que se responsabiliza pelo crédito juntamente com o aluno.

ABS comercial

São respaldados por empréstimo concedido a pessoa jurídica. Os tipos mais comuns de empréstimos nessa categoria envolvem aeronaves, equipamentos comerciais e contêineres marítimos. 

Obrigações de empréstimo colateralizadas (CLOs)

São produtos estruturados de crédito respaldados por empréstimos sindicalizados corporativos com alavancagem, de primeira garantia e alto rendimento (“empréstimos bancários”). Em geral, de 200 a 300 empréstimos bancários são agrupados e vendidos aos investidores em tranches diferentes, cada uma com um grau variável de risco e retorno. Esse mercado como um todos tinha um tamanho de quase US$ 1 trilhão em 31 de dezembro de 2023. 

Características

  • CLOs diferem de outros produtos securitizados de crédito de uma maneira específica: o pool de empréstimos bancários que constituem uma CLO é gerenciado ativamente pelo gestor de investimentos que emite a CLO. Quando a CLO é emitida pela primeira vez, o gestor de investimentos normalmente armazena uma porcentagem do pool de empréstimos e, após a emissão, esse gestor acrescenta ou se desfaz desses empréstimos bancários subjacentes durante os primeiros 3-5 anos de vida da CLO (o chamado “período de reinvestimento”).
  • Após o término do período de reinvestimento, a CLO atuará como um produto securitizado mais tradicional, entrando em um período de amortização no qual os empréstimos são quitados para pagar os detentores de dívidas CLO. Esse componente de gestão ativa de CLOs cria um risco secundário para essa seleção de gestores e mercados.
  • Devido a esse risco, CLOs geralmente são emitidas por firmas de gestão de investimentos com muitos recursos e um longo histórico de gerenciamento de produtos de alavancagem financeira (títulos de high yield, empréstimos bancários, crédito privado de médio porte). O valor relativo da CLO pode ser derivado da percepção do mercado sobre a qualidade da gestão desses ativos pelos gestores de investimentos.
  • Como a qualidade do colateral subjacente da CLO costuma ficar abaixo do grau de investimento, CLOs geralmente são estruturadas para oferecer amplo suporte de crédito ao detentor sênior dos títulos na estrutura de capital da CLO. As estruturas são submetidas a testes de cobertura para medir o fluxo de caixa gerado pelos empréstimos subjacentes e para assegurar cobertura suficiente para o título sênior na estrutura. Com isso, CLOs seniores costumam ter amplo suporte das posições subjacentes na estrutura de capital. Sendo assim, mesmo em contextos em que a inadimplência em empréstimos bancários é relativamente alta (como ocorreu durante a crise financeira), a taxa de inadimplência em uma tranche sênior de CLO permanece em 0%.

Principais termos de investimento

Fale um pouco a seu respeito para nos ajudar a adequar o site a suas necessidades

Termo de isenção de responsabilidade

Por gentileza, leia estes Termos e Condições de Uso (“Termos e Condições”) com atenção.
{{!-- Populated by JSON --}}
Select Your Location

Americas

Asia Pacific

  • The flag of Japan Japan

Europe, Middle East & Africa

  • The flag of Europe Europe
Back to top